segunda-feira, 3 de março de 2014

A Dialética Histórica e Materialista


O Serviço Social utiliza a dialética no sentido apresentado por Marx, (tese, antítese e síntese). Apresenta-se uma tese, vem a contradição, a negação da negação e, no final, a superação através da síntese das ideias discutidas.

Quando falamos em Dialética, não a usamos mais como sinônimo de dialogo, no entanto, essa ideia, do dialogo enquanto argumentativo e reflexivo de debate, usamos bastante no Serviço Social, aliás, uma das finalidades básicas do Assistente Social, é na reprodução de outra ideologia, se faz através do dialogo reflexivo, basicamente trabalho do Assistente Social contribui na organização das classes subalternas, das pessoas em vulnerabilidade, de risco como produto das questão social, e seu instrumento básico é o dialogo reflexivo, a palavra dialogo por si só não precisaria estar acompanhada da palavra reflexivo, no entanto normalmente esse termo é usado em vario textos de Serviço social, para reforçar que o dialogo tem o sentido de reflexão, tem o sentido de debate, de argumentos.

Se estou trabalhando num grupo de mulheres vitimas de violência, o instrumento que eu devo usar, é o dialogo reflexivo, ele tem a ideia de ser de debate, de argumentos, é o dialogo no sentido de internalizar uma nova perspectiva ideológica, a mulher vitima de violência tem a perspectiva de que é merecedora daquele tipo de violência, e através do dialogo reflexivo, questionador e argumentador,ou seja, que faz o outro pensar, que é dada a possibilidade de mudança, a possibilidade de para que essa mulher saia da situação de risco, que é a situação de violência para uma situação de não risco.

O trabalho do Assistente Social, a partir do instrumento de trabalho, a estratégia do dialogo reflexivo é mostrar que a fala do usuário, não é somente uma fala, é um jeito de pensar, um jeito de sentir, é um jeito de agir e um jeito de resistir.
Sobre a Dialética é importante entendermos que: A dialética, não refere-se somente ao Materialismo; O Conceito na Tradição Marxista Evolui e qualifica outros conceitos.
Um elemento central que a tradição Marxista vai de apropriar, é na posição de um filosofo pré-socrático, Heráclito de Efeso. 

“Para ele a realidade é um constante devir, onde prevalece a luta dos opostos" (GADOTTI, 1987, p. 15).
Nesse contexto onde a realidade esta em constante transformação, é uma questão chave para entender esta perspectiva teórica metodológica e também para romper a cultura Positivista, é a cultura que permeia a sociedade em geral, é a cultura que não aceita mudanças.
Na perspectiva Materialismo Histórico Dialético, não podemos mudar o outro, um dos trabalhos básicos do Assistente social é dar ferramentas para que os sujeitos possam exercer autonomia, ou seja que possam ter formações claras e objetivas, podendo tomar decisões, mudando assim suas condições de vida.
A maior dificuldade para assumir essa perspectiva, é temos que romper a perspectiva da lógica cotidiana. Uma expressão que Iamamoto utiliza e eu particularmente gosto:

  ''As alternativas não saem de uma suposta 'cartola mágica' do Assistente Social; as possibilidades estão dadas na realidade, mas não são automaticamente transformadas em alternativas profissionais." (IAMAMOTO, 1998, p.21).
Achamos que somos mágicos e que podemos mudar o homem, o que podemos fazer é colocar o nosso conhecimento a disposição, e diante deste conhecimento o outro possa se conscientizar.
Como vemos, a questão que deu origem à dialética é a explicação do movimento, da transformação das coisas. Na visão metafísica do mundo, à qual a dialética se opõe, o universo se apresenta como "um aglomerado de 'coisas' ou 'entidades' distintas, embora relacionadas entre si, detentoras cada qual de uma individualidade própria e exclusiva que independe das 'coisas' ou 'entidades'. A dialética considera todas as coisas em movimento, relacionadas uma com as outras.(GADOTTI, 1987, p. 16).
Na dialética histórica materialista, a visão de mundo onde ele não é perfeito, não é harmônico, assim, um exemplo que não pertence á tradição materialista dialética, é a visão de que as famílias são perfeitas, e ela é tão enraizada pela ideologia dominante, que passamos a achar que somente a nossa família passa por dificuldades e que a família do outro sim que é perfeita, mas todas as famílias tem dificuldades, algumas escondem mais, e outras menos.

Na produção social da própria vida, os homens contraem relações determinadas, necessária e independentes de sua vontade. [...] O modo de
produção da vida material condiciona o processo em geral de vida social, político e espiritual. Não é a consciência dos homens que determina o seu ser, mas, ao contrário, é o seus ser social que determina a sua consciência. [...] Assim como não se julga o que um indivíduo é a partir do julgamento que ele faz de si mesmo, da mesma maneira não se pode julgar uma época de transformação a partir de sua própria consciência; ao contrário, é preciso explicar essa consciência a partir das contradições da vida material [...]. (MARX, apud NETTO, 1986, p. 26-27).

 Referências:

GADOTTI, Moacir. Concepção Dialética da Educação: Um estudo Introdutório. 5ª ed. São Paulo. Cortez, 1987.
IAMAMOTO, M. V. O serviço social na contemporaneidade: trabalho e formação profissional. São Paulo: Cortez, 1998.
KONDER, Leandro. O que é dialética. 25ª ed. Rio de Janeiro: Brasiliense, 1993.
NETTO, José Paulo. O que é marxismo. Coleção Primeiros Passos. 8ª ed. Editora Brasiliense, 1986.


Andreza Lazzarotto

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