Todos os dias quando acordo me pergunto por que escolhi esta
profissão. Por que escolhi Assistente Social?
Ela está presente no meu dia a dia. Quando vou trabalhar fico feliz por
ter trabalho, quando vou dar uma volta pelas ruas da cidade vejo as ruas e a
praça cheias de gente e fico feliz. Mas aí quando percebo o meu ser
profissional "Assistente Social" chega acabando com minha felicidade
e diz: Olha aquelas crianças sozinhas na rua, olha aqueles jovens alcoolizados,
olha quanto lixo jogado nas ruas nas calçadas, olha quantos homens pais de
famílias sem trabalho formal sentados na esquina do clube esperando um
trabalho. Ao andar nas ruas encontro pessoas em busca de seus Direitos por que
vivem as mais diversas expressões da questão Social, famílias vivendo a extrema
pobreza, jovens usuários de crack, crianças e adolescentes vitimas de violência
sexual, psicológica e física, idosos sendo explorados e abandonados por filhos
e netos, homossexuais sendo motivo de chacotas e piadinhas.  Olho então ao
redor se mais alguém está preocupado com as cenas que o dia a dia nos esfrega
no rosto. Levo uma surpresa: ninguém nota!
Então me dou conta que esta realidade, além de ser banalizada, e
evitada pela maioria e pela consciência de quem não quer ver. E O MUNDO REAL
NINGUÉM QUER VER.
É, o invisível que ninguém quer ver!
AH!  Me esqueci um dia vou ser Assistente Social!
Todos os dias a minha futura profissão, o meu cotidiano me responde. Por
que nos dias da semana trabalhando e observando sempre com olhos atentos me
deparo com cenas que o mundo invisível que ninguém vê: adolescentes se
drogando, se prostituindo, numa ciranda de omissão e descaso. Eles só serão
vistos quando prejudicarem “os homens de bem”.
Não serão notados para uma busca coletiva de um processo que os inclua
na sociedade, mas sim será para se discutir, isso sim quantas cadeias e para
onde tem que mandá-los, dando espaço direto para a insensatez social e o
descaso e descompromisso que se tem com as crianças e adolescentes,
responsabilizando assim a pobreza e o número de filhos pela violência dos dias
atuais.
Sempre são eles nunca somos nós. Nunca se faz uma análise da sociedade
capitalista em que vivemos e sua maneira perversa de exclusão.
Por que  Assistente Social?
Porque estou atenta a este mundo que passa despercebido aos olhos de
muitos. Quando vejo televisão e escuto rádio, fico discutindo com as noticias e
com as pessoas que realizam a chamada mesa redonda, debates.
Por que  Assistente Social?
Porque vejo o mundo invisível dos sem direitos, dos doentes, das
mulheres vitimas de violência, dos famintos, dos sem teto, dos sem educação,
dos drogados dos desesperançados, dos espoliados, dos excluídos, dos idosos,
dos homossexuais, dos sem terra. Porque sei que os donos do capital têm suas
estratégias e instrumentos para manterem a desinformação, a opressão e os
privilégios.
Por que Assistente Social?
Porque possuo o senso de indignação com a injustiça, por que direitos
só tem significado com garantia.
Por que escolhi ser Assistente Social? Porque esta profissão me
possibilita ao longo de minha vida estar na luta permanente, na defesa
intransigente dos direitos humanos e na busca de uma sociedade justa e
igualitária.
Serei Assistente Social para poder levantar minha voz na defesa
daqueles que tem os seus direitos cotidianamente violados.
Serei Assistente Social remando contra a corrente que amarra as pessoas
nos poderes: Econômico, religioso e político.
Andreza Lazzarotto.

